


FILMES

CURADORIA
A mostra começa como o mais novo filme de André Antônio, do coletivo Surto e Deslumbramento, “Salomé”. Inspirado pela história bíblica de Salomé, o filme vai misturar gêneros, referências e mundos. O próximo filme que vamos exibir é o longa “Um Minuto é uma Eternidade Para Quem Está Sofrendo”, de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro, um diário íntimo e bastante honesto do diretor/personagem Wesley Pereira. Do ponto de vista de estrutura de produção, este filme é o oposto de “Salomé” - feito na guerrilha, sem edital, por uma equipe formada por poucas pessoas. Mas seria, por isso, “Um Minuto”, um filme mais queer do que “Salomé”? A programação reúne alguns filmes, que além de representar a diversidade e as possibilidades do cinema queer brasileiro e mundial, também propõe uma reflexão sobre os dilemas e desafios de se produzir este tipo de cinema.
O nosso último filme é um clássico moderno do cinema nacional que foi recentemente restaurado e relançado nas salas comerciais, “Onda Nova”, de José Antonio Garcia e Ícaro Martins. É um gesto da curadoria que tem como intenção mostrar que se produzia cinema queer antes do termo surgir como pauta política, teoria acadêmica, ou ser popularizado nas redes sociais. Afinal, o queer também é uma perspectiva de como se olha o mundo.
Desde seu surgimento a conceitualização do que seria o queer se demonstrou um desafio epistemológico - como definir algo que surge exatamente para questionar e destruir conceitualizações e certezas teóricas?
Para alguns, o queer também é subjetivo, dessa forma, o que eu considero ser queer, pode não ser para outra pessoa, para outro grupo, para outra corrente de pensamento.
Mas, depois de algumas décadas, sendo a definição do que não pode ser definido, explicado, domado, o termo parece estar cada vez mais assimilado e inserido dentro do nosso mundo contemporâneo: presente nas falas de apresentadoras de programas matinais da grande mídia; estampando propagandas capitalistas; banalizados em discursos acadêmicos; etc.
A programação da Quelly Internacional desse ano foi elaborada diante desta pergunta e o conjunto de filmes selecionados propõe uma provocação - é possível ceder a demandas e exigências comerciais e mercadológicas e ainda realizar uma obra queer? Realizadores, normalmente, querem que seus filmes cheguem ao mais amplo número de espectadores, mas o queer é o estranho, o abjeto, o outro, o fracasso.
Como um filme queer pode ser popular, se, para isso, ele precisa ser assimilado? Com isso ele não deixa de ser queer? Estamos diante de um paradoxo, que a programação da Quelly não soluciona, apenas expande e abre caminhos para debates.
George Pedrosa e Daniel Nolasco
CRÍTICAS POR BRUNO CARMELO

OUTRAS ATIVIDADES
Performance de Thag Santos (MA)
Tha Maria é atriz-performer e atua entre arte, educação e inclusão como atriz, poetisa, slammer, professora e consultora de acessibilidade. Sua performance solo e autobiográfica investiga a construção da identidade trans, preta e surda a partir do silêncio, da presença e da memória.
19h no TEATRO joÃO DO VALE
28/08
Masterclass com André Antônio
André conduz o encontro que vai mergulhar em processos criativos, linguagem cinematográfica e na construção de narrativas queer no cinema brasileiro. > Não precisa de inscrição, basta chegar!
9h30 às 11h30 no TEATRO joÃO DO VALE
Oficina criativa com Aoruaura sobre a mutação da imagem.
9h30 às 11h30 no CHÃO SLZ

Projeto aprovado no Edital n°18/2024 - UGADC/SECMA, em São Luís - MA com produção de Kasarão Filmes, realização do Governo do Maranhão, Ministério da Cultura, Governo Federal e apoio de Teatro João do Vale e Chão SLZ.
























